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Resenha #26 - Cartas Chilenas

  • João Andrade
  • 5 de fev. de 2015
  • 2 min de leitura

Título original: Cartas Chilenas

Páginas: 184

Autor: Tomás Antônio Gonzaga Editora: Domínio Público Assunto: “As fanfarras do Fanfarrão”


Cartas Chilenas foi o primeiro livro Arcade que li, não o fiz por gosto, mas por motivação do Desafio dos 10 Clássicos do Vestibular, que apesar de terminado o prazo eu resolvi levar para frente, nunca fui grande simpatizante dessa vertente poética/literária, Dirceu sempre me enjoou falando de Marília, o bucolismo exagerado e o neoclassicismo sempre me abusaram.


As Cartas Chilenas, que por muito tempo tiveram sua autoria anônima, por terem sido publicadas anonimamente, não foge às principais características do 700tismo, entre elas a constante invocação de personalidades da cultura grega, apesar de deixar um pouco de lado o bucolismo para dar mais foco e centralidade a satirização jocosa que o autor faz do governo de Minas.


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Ao todo são 13 curtas cartas, em versos brancos decassílabos, compondo uma narrativa adaptada de fatos reais. Tomás Antônio Gonzaga assume a identidade de Critilo, morador de Santiago do Chile, que escreve cartas a Doroteu contando sobre os problemas no governo de Fanfarrão Minésio, que representava o governador da capitania de Minas Gerais, Luís da Cunha Meneses, entre 1783-88. Cada carta segue um ponto negativo do governo, como: violência, corrupção, desordem e imoralidade. Tudo respectivo à atuação de Luís Meneses, porém, associados a uma realidade criada pelo autor no Chile.


As críticas de Critilo chegam a comover de tão ácidas. Sempre mantendo o tom mordaz, quase colérico, o narrador não perde tempo para atacar a administração do governador. Outro aspecto que, para mim, deu grande valor ao livro, foi a forma como o autor se apossou da realidade fluida e a transformou conforme lhe agradava, de uma forma a deixar claro seu objetivo e, paradoxalmente, escondê-lo.


Não virei fã da poesia de Tomás, mas admito a importância que o livro tem como registro histórico do período pré-Inconfidência Mineira e da insatisfação da elite que mais tarde levou ao movimento.


A minha falta de conhecimento sobre a época atrapalhou um pouco a minha conexão com os personagens, talvez por isso o livro não tenha me conquistado no começo. Mas, conforme a narrativa vai avançando, analisando, cada vez mais profundamente, as ações do Fanfarrão, eu fui me envolvendo mais com livro. As 3 últimas foram minhas favoritas juntamente com a carta de Doroteu para Critilo, que veio logo no começo mas também me cativou.


A edição que eu li é toda comentada e explicada, em alguns momentos os comentários ajudam a situar o leitor na história, mas, em contrapartida, me incomodou por detalhar demais algumas informações e trazer o significado de praticamente qualquer palavra, sendo algumas até de uso muito comum.


Leitura recomendada com algumas ressalvas, mas se precisa ser lido para algum vestibular, vale a pena a leitura. E você já leu ou precisa ler? Comente aqui!

 
 
 

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