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Resenha #11 - Fahrenheit 451

  • Talyta Lino
  • 27 de set. de 2014
  • 3 min de leitura

Título original: Fahrenheit 451

Autor: Ray Bradbury

Editora: Globo

Nº de páginas: 256

Assunto: Romance

“– A escolaridade é abreviada, a disciplina relaxada, as filosofias, as histórias e as línguas são abolidas, gramática e ortografia pouco a pouco negligenciadas, e, por fim, quase totalmente ignoradas. A vida é imediata, o emprego é o que conta, o prazer está por toda parte depois do trabalho. Por que aprender alguma coisa além de apertar botões, acionar interruptores, ajustar parafusos e porcas?”

- Ray Bradbury

Fahrenheit 451: a temperatura na qual o papel do livro pega fogo e queima.

Bradbury narrou, nos porões da biblioteca Powell, na Universidade da Califórnia, a história (ou alguns fatos ocorridos na história) de Guy Montag, um personagem fictício incumbido pelo próprio escritor de desempenhar a função de “bombeiro”.


É importante considerar que na narrativa os “bombeiros” começam incêndios ao invés de contê-los, queimando livros, os quais são considerados hediondos pelo governo.

Montag, a princípio, sente-se satisfeito com sua profissão. Contudo, após encontrar em uma noite sua vizinha Clarisse McClellan, uma jovem que o influencia na sua maneira ver o mundo e as coisas que lhe cercam, começa a questionar seu próprio estilo de vida, seus ideais, e sua noção de felicidade. Ele percebe o quanto tem sido infeliz no seu relacionamento com a esposa, Mildred, e passa a se sentir incomodado com sua profissão e descontente com a autoridade e com os cidadãos. A partir daí, o protagonista tenta mudar a sociedade e encontrar sua felicidade.




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Minhas impressões:


O livro trata-se de uma distopia, em todos os sentidos literais do termo. Possui como pano de fundo um governo totalitário, onde as pessoas são manipuladas e alienadas pelos mass media, meios de comunicação de massa, como televisores e rádios. Sobretudo, a leitura de livros é altamente censurada por ser considerada ilícita.


Bradbury, porém, declarou que “Fahrenheit 451 não trata de censura, mas de como a televisão destrói o interesse pela leitura” e eu me atrevo a discordar. É certo que a sociedade descrita no livro se tornou anti-intelectual espontaneamente, mas não há como negar que o governo “fez um negócio da China”* para permanecer sob essa realidade. E pela narrativa fica “claro e cristalino” que a leitura era reprovada sim, porquanto os livros, uma vez encontrados na posse de alguém, eram reduzidos às cinzas.

Então, Bradbury, lhe peço perdão, mas com essa sua declaração eu não concordo.

Acho que o senhor se contradisse dizendo que o livro “não trata de censura”.


A linguagem não é, de maneira alguma, simples. É um livro que dificilmente você vai terminar de ler em um dia. Ele requer que você esteja desprendido do mundo e concentrado apenas na leitura para conseguir entender (digo mais: sentir) o que está nas entrelinhas.

O autor abusou das figuras de linguagens, metáforas e da técnica de “encher linguiça”, contudo, a escrita não te cansa. Você consegue sentir o desespero no qual o protagonista mergulha, seu desalento e sua cólera, pela pureza e polidez da escrita. Bradbury arrancou a alma do seu personagem, analisou minunciosamente e a jogou no papel.



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Gostei muito do livro e, por vezes, a leitura me remeteu ao Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley. Vários fatores contribuíram para isso: por ambos serem distopias de bárbaros regimes totalitários, por apresentar uma sociedade altamente ignorante e manipulada, onde um ou outro que questiona, que não aceita essa realidade, seja tido como anormal, E não pude evitar que algumas atitudes de brutalidade e devaneio de Montag me relembrassem John, O Selvagem do livro de Huxley.



Eu poderia ficar a vida inteira falando sobre esse livro. Eu, realmente, poderia. Principalmente sobre o Sabujo mecânico (meu personagem preferido), que foi inspirado no Cão dos Baskervilles, de Doyle, mas eu vou deixar que vocês tirem suas próprias conclusões e as deixem nos comentários.

* Aproveitar a oportunidade.

 
 
 

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