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Resenha #10 - Gabriela, Cravo e Canela

  • Camila Rodrigues
  • 26 de set. de 2014
  • 2 min de leitura

Título original: Gabriela, Cravo e Canela

Autor: Jorge Amado

Editora: Companhia Das Letras

Nº de páginas: 336

Assunto: Romance

O enredo que Jorge Amado escolheu pra sua obra mistura romance com questões sociais. O livro é cheio de críticas à sociedade, mas cada um teve seu devido lugar na trama. Isso, em minha opinião, foi a melhor escolha pra ser desenvolver. Ele soube evitar uma sobrecarrega na história com um só mote, fazendo com que o leitor sinta a leitura leve. Acompanhada de uma narrativa simples, você não precisa ficar quebrando a cabeça pra entender o que se é discutido entre os personagens, que a propósito, são carismáticos e cada um tem seu jeito de conquistar o leitor.


De um lado da trama podemos observar o romance entre Gabriela e Nacib Saad, um amor marcante e adulto. Gabriela é uma retirante fugindo das dificuldades que se encontrava no sertão da Bahia, chega à cidade de Ilhéus sem expectativas alguma. Nacib, o dono do Vesúvio, bar que entrou em ascensão social, um homem bom, apesar de não ser considerado o mais decente da cidade. O romance começa de forma instantânea e se desenvolve bem durante a história. As dificuldades da relação começam a bater à porta quando Nacib tenta transformar Gabriela em algo que ela não é para que a sociedade a aceitasse. As diferenças começam a surgir colocando o romance à prova. Nesse período, Amado impõem a questão dos valores morais da época, os quais restringiam a liberdade da mulher e a tornava inferior ao homem.


Do outro lado, observamos a questão política, a rivalidade entre os coronéis e os exportadores de cacau. Ilhéus estava a caminho da mudança, porém os costumes ditatoriais dos coronéis ainda prevaleciam. Neste polo nos deparamos com a luta por renovação política e poder, marcados por personagens como Mundinho Falcão e Ramiro Bastos. O primeiro, um jovem ambicioso vindo do sudeste, cheio de ideais progressistas, com o objetivo de mudar a política da cidade tirando o poder das mãos dos coronéis como Ramiro Bastos. Este velho autoritário não aceita de nenhuma maneira a ameaça que o jovem representa para o seu poder. Não digo que o personagem é de todo ruim, tinha uma saúde frágil e pude observar o medo que ele sentiu ao saber que poderia perder o poder, que teve durante todo o tempo, assim como o respeito da população. Mas, o que vale refletir durante toda essa batalha política é como alguém pode se corromper com a sede de poder.


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Publicado em 1958, o romance é mais traduzido do autor e, consequentemente, a mídia cinematográfica e televisiva não perderam a oportunidade de adaptar o romance para um filme e três novelas.


O livro me marcou muito, de inicio pude até pensar que seria cansativo, mas não foi. Me surpreendeu. Eu posso dizer que definitivamente amo a Gabriela, é uma personagem apaixonante, simples e de um jeito que beira da pureza à sensualidade. Ela é cheia de personalidade, não se importando com a opinião alheia. Tenho certeza que você também se apaixonará.


"Certas flores são belas e perfumadas quando estão nos galhos, nos jardins. Levadas para os jarros, mesmo jarros de prata, ficam murchas e morrem."


 
 
 

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