Resenha #4 - Se Eu Ficar
- João Andrade
- 7 de set. de 2014
- 4 min de leitura
Título original: If I Stay
Autor: Gayle Forman
Editora: Novo Conceito
Nº de páginas: 224
Assunto: Literatura Estrangeira - Romance
"Depois do acidente, ela ainda consegue ouvir a música. Ela vê o seu corpo sendo tirado dos destroços do carro de seus pais – mas não sente nada. Tudo o que ela pode fazer é assistir ao esforço dos médicos para salvar sua vida, enquanto seus amigos e parentes aguardam na sala de espera... e o seu amor luta para ficar perto dela. Pelas próximas 24 horas, Mia precisa compreender o que aconteceu antes do acidente – e também o que aconteceu depois. Ela sabe que precisa fazer a escolha mais difícil de todas."
Em poucas palavras, como foi sua experiência com Se Eu Ficar?
Inconsistentemente consistente. Não sou de poucas palavras, então me apresso a explicar o que quero dizer. Quando eu vi pela primeira vez o trailer do filme não fazia nem ideia de que era baseado em um livro. A priori achei a historia meio clichê, lembrei até de uma música do The Smiths, que inclusive é citada no livro. Só naqueles 2 minutos senti que o filme tinha uma pegada diferente de tudo que eu já tinha visto sobre o tema (Não que eu tenha visto muito, mas vi o suficiente).
Levou pouco mais de uma semana para que eu descobrisse a existência do livro, e, não negarei, no momento que vi a capa, me apaixonei, resolvi que leria antes de ver o filme, tive inclusive que adiar minha ida ao cinema à fim de termina-lo.

Logo na primeira página já me peguei envolvido na personalidade de Mia e aos poucos me vi obcecado por todos, repito TODOS, os personagens. Desde o pai punk à tia morta, são todos muito fascinantes e, apesar de alguns aparecerem pouco, todos mostraram camadas profundas de suas personalidades. Aí você me pergunta: Quantas páginas tem isso para caber tanta informação? Eu respondo: 224, contando com uma entrevista com o elenco do filme. Mas, como ela conseguiu desenvolver tão bem esse leque tão variado de personagens em tão poucas páginas? Isso eu não faço ideia. Parabéns, Gayle! (A senhora é destruidora mesmo, viu?!)
Agora voltemos a inconsistente consistência, como já dito, eu espera um livro “clichezento” igual a tantos YA’s lançados diariamente e que inundam as livrarias. Porém/Contudo/Todavia e todas conjunções de oposição que você encontrar, o livro me surpreendeu. A historia é velha, mas a escritora praticamente registrou-a no cartório com seu nome. Ela brinca com o gênero de uma forma super original. O bom humor da protagonista que está em coma pode parecer ilógico, mas não é. Ela sabe como/quando fazer uma piada, e não soa incoerente de maneira alguma.
Metalinguístico que sou, anuncio o inicio de um parágrafo sobre a montanha-russa emocional que passei lendo esse livro. Não sou de chorar (já vou avisando) e não chorei, mas poderia ter facilmente chorado caso eu fosse desses. A autora constrói todo um clima na intenção de baixar nossa guarda e é muito bem sucedida nessa empreitada. E, quando menos se espera, “POW!” uma paulada dramática na sua cabeça. E não me interprete mal, não é nada forçado, todas as situações vão sendo construídas previamente, o leitor é quem esquece, baixa a guarda. Depois disso, ela te faz gargalhar com as situações vividas pela Mia e com alguns diálogos, principalmente os de Mia e Kim, sua melhor amiga. Ao fim, voltamos á paulada de drama... (Detalhe: esse vai e vem em hora alguma me incomodou, a autora soube criar os climas certos sem deixar a história maçante.)
Adendo: O livro é recheado de referências musicais e, pode ser meio pretensioso da minha parte, mas são todas boas. Até mesmo as de músicas clássicas, das quais não sou muito fã, mas fiz questão de ouvi-las. [if !supportLineBreakNewLine] [endif]
Vamos ao romance!
Mia é violoncelista e apaixonada por música clássica. Seu namorado, Adam, toca numa banda de rock prestes a estourar no cenário musical. Ela se sente deslocada no relacionamento, mas não é grande novidade, ela também se sente o patinho feio da família. Mas, o enfoque no drama da relação não é tão destacado, já que não é como se fosse o maior problema do mundo, não para ela e não naquele momento.
O foco fica para os problemas irremediáveis. Aqui não falarei deles, alguns podem considerar spoilers. No lugar, deixarei o parágrafo sobre a família. Posso dizer que eles são no mínimo excêntricos. Para mim foi um estranhamento ver a estrutura familiar deles. Não de uma forma preconceituosa, inclusive os achei fantásticos, foi mais um estranhamento desses que a gente tem quando está muito preso á uma construção social e se depara com aquela coisa fora dos padrões. O pai tocava numa banda de punk rock até antes do irmão dela nascer. E a mãe, que não era musicista, amava ouvir rock. O irmão mais novo, Teddy, desde pequeno já seguia a veia musical da família e adorava tocar bateria. E Mia, no Yo Yo Ma e violoncelo.
Já falei muito. Agora pulo para o fim, da resenha e do livro. Não pretendo arruinar a experiência de vocês contando o final. Mas, apesar de, para mim, ter sido previsível, achei muito válido. Nas páginas finais, a autora me fez questionar o final que eu praticamente já sabia desde o começo.
Em suma, a escrita te prende; os personagens são ótimos; a narrativa é original. Sugiro fortemente que leiam o livro, tanto você quem adora YA, quando você que acha que tudo desse gênero é sempre “mais do mesmo”, esse não é.
E aí, você já leu o livro? O que achou? Deixe seu comentário, ele é muito importante para nós!
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